Retirar presos das seccionais, evitando desta forma o desvio de função ao qual são submetidos os investigadores de Polícia Civil (IPCs), está entre as principais reivindicações da categoria. O problema foi discutido durante uma reunião, na manhã de ontem, no auditório da Seccional da Marambaia, com todos os chefes de operações da Grande Belém.
Outros problemas como a superlotação, sobrecarga de serviços e denúncia de presos em relação às péssimas condições das carceragens, também fizeram parte das discussões.
Os investigadores denunciam, ainda, a grande existência de policiais com problemas de saúde devido ao estresse cotidiano a que são submetidos, além da pressão e cobrança de seus superiores e da própria comunidade.
Para os investigadores, todos os problemas que enfrentam atualmente ocorrem pela presença de presos nas seccionais. “Perdemos o nosso sentido de polícia judiciária cuja função é investigar. Agora, somos somente reparadores de presos”, reclamavam.
Um documento com as reivindicações discutidas durante a reunião será entregue à Diretoria de Polícia Metropolitana (DPM), chefiada pelo delegado Paulo Tamer, para que sejam analisadas e atendidas.
Como forma de pressionar as autoridades, os policiais prometem que, se não forem atendidos com respostas positivas nas próximas 48 horas, a partir da ciência do documento por parte da DPM, vão paralisar suas atividades por pelo menos 24 horas.
Os policiais questionam que não recebem treinamento por parte do Estado para lidar com populações carcerárias, o que já acontece nas seccionais, que possuem em média 30 presos cada uma. “Não estamos preparados. Como podemos realizar uma função se não sabemos como lidar com ela? Não recebemos cursos para cuidar de um monte de presos. A nossa função é investigativa”, disse o investigador Amaral, da Seccional da Marambaia.
Uma das soluções apresentadas pelos investigadores é a presença imediata de agentes prisionais nas seccionais. Eles dizem que os agentes são as pessoas mais preparadas para a função, pois pelo menos na teoria, recebem treinamento para exercer a função.
HÁ VAGAS - Os investigadores denunciam que sabem da existência de vagas no Sistema Penitenciário e que os números são controlados, devido medidas de segurança. “Existem pelo menos 250 vagas que poderiam ser disponibilizadas, mas para não colocar em risco a segurança no sistema, eles controlam a entrada dos presos e com isso superlotam as seccionais”, acredita Amaral.
Em várias seccionais é grande a presença de presos sentenciados que já deveriam estar abrigados na Susipe.
Outro questionamento dos policiais é em relação à redução no quadro durante os plantões, principalmente aos finais de semana. Atualmente, eles dizem trabalhar com apenas dois investigadores, que ficam 24 horas responsáveis por vários presos, colocando suas vidas em risco constante.
Já houve casos de fugas em seccionais durante os plantões, que foram controlados com apenas dois plantonistas e que por sorte não terminou em tragédia.
A recente morte dos policiais da Seccional da Marambaia foi lembrada durante a reunião e seus amigos voltaram a falar que ambos morreram, não pelo despreparo relatado por algumas pessoas e sim por estarem exercendo uma função para a qual não estavam preparados. “Eles morreram exercendo um papel que não era o deles”, disse um dos investigadores da Marambaia.
POLICIAIS DOENTES - Em função da grande pressão e excesso de trabalho, com jornadas que muitas vezes ultrapassam 24 horas, muitos policiais se encontram afastados de suas atividades. Alguns, em estado de saúde grave. A maioria dos investigadores doentes exercia cargos de chefia como é o caso do chefe de operações Daniel, da Seccional Urbana da Pedreira, que foi vítima de um infarto.
Marcial, chefe de operações da Cremação, foi outro policial afastado após uma cirurgia para a colocação de três pontes de safena. Segundo o chefe de operações Lobato, da Delegacia do Atalaia, o intenso ritmo de trabalho o levou a passar cinco dias de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital. Além da crise de estresse, o policial foi vítima de uma úlcera hemorrágica. “Só não morri porque fui socorrido na hora. Tive que tomar até bolsas com sangue”, relatou.
Esse é um espaço democrático onde os Trabalhadores da Segurança poderão opinar e receber informações importantes acerca de ações de interesse da categoria. FONE: 091 3259-2491 E-MAIL: anddihts.ong@gmail.com
SÍMBOLO DA ANDDIHTS
QUESTÃO DE OPINIÃO !
Prezados(as) leitores(as), a partir da próxima semana estaremos publicando a opinião dos Leitores sobre temas específicos ligados a Segurança Pública. Divulgaremos o tema na sexta-feira e os interessados devem envias seus artigos ou opiniões sobre o assunto até a terça-feira da semana posterior, a Direção da ANDDIHTS vai selecionar um texto e publicá-lo na quarta-feira.
As opiniões e artigos devem ser encaminhados para o e-mail anddihts.ong@gmail.com
sábado, 27 de junho de 2009
INVESTIGADORES OU VIGIAS DE PRESOS?
A ANDDIHTS se solidariza e apoia as reinvidicações dos Investigadores da Polícia Civil do Estado do Pará, em recente reportagem publicada pelo Diário do Pará, a categoria protesta contra as condições de trabalho nas unidades policiais, onde além das atribuições estressantes desempenhadas cotidianamente pelos policiais, os mesmos ainda são obrigados pela deficiência e falência do sistema de segurança pública vigente, a servirem de "babás" para os presos de justiça, hoje amontoados nas diversas unidades policiais espalhadas pelo Estado. Isto é um desrespeito aos direitos humanos tanto dos policiais quanto dos próprios detentos, onde os servidores atuam com desvio de função e os presos estão " guardados" em espaços insalubres e sem condições dignas de permanência. Abaixo segue na integra a reportagem publicada no Diário do Pará.
"Investigadores ameaçam paralisar por 24h"
Tamanho o abalo emocional dos investigadores, que durante a reunião um deles chorou ao relatar seus problemas aos colegas de profissão. (Diário do Pará)
Temos que tomar providências em relação a esse tipo de coisa!
Lembrem-se !
A segurança pública é dever do Estado, mas principalmente é de responsabilidade de todos!
A Diretoria.
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